segunda-feira, 29 de agosto de 2016

Castanheira Bertholletia Excelsa





Há mais de quatrocentos anos germinei este chão
Crescia lentamente de galho em galho,
Folha em folha de inverno a verão


No outono usava estratégia derrubando
Minhas folhas para suportar manhãs e noites frias
Assim reduzia ao máximo o gasto
Da minha energia

Aos poucos fui ganhando espaço e
Fortalecendo as minhas raízes com muita dedicação
Enfrentei sol, enfrentei chuva, também
Raio e trovão


À medida que ia me desenvolvendo ia
Ganhando espaço nas alturas
Já produzia frutos com tamanha
Fartura

Ali, alimentava os roedores, os micos e
Até mesmo o homem
Com tantos frutos de qualidade
Ninguém ficava com fome


Fui condenada à morte sem
Ter nenhuma culpa
Na estatística da extinção isso
Muito me preocupa


Ao meu redor foram construídas habitações
Sem analisar a minha presença
Hoje sou uma castanheira idosa
Que só me restou uma sentença

Há centenas de anos estive por aqui
Mas nunca era notada
Hoje até em forma de poema estou
Sendo citada

Nos meu últimos dias de vida
Fiquei famosa com tamanha repercussão
Entrei até pra redes sociais que causou emoção


Sei que viveria ainda cem anos a mais
Porque é a idade da minha espécie prevista
No entanto a vinha existência será ceifada
De maneira egoísta


Hoje estou sendo arrancada da minha terra e 
Triste deixo um recado ao homem

Aproveite o que tem de mais belo da natureza
Ao seu redor de forma abundante
Não espere o fim das plantas, dos animais e das
Pessoas para perceber o quanto somos importantes.


Jilmar Santos
04/08/2016

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